Palavras em tempo de pandemia #5 | Não é preciso falar chinês para os entender…
Depois de horas e horas de voo, cheguei!
Era pouco mais que 6h da manhã…
Mas, por momentos, achei que seriam umas 10h…
Havia pessoas por todo o lado. Trânsito já bem sonoro…
Aquele frenesim das cidades que não dormem.
Uns bebem café enquanto andam apressados.
Outros ouvem música nos seus headphones coloridos.
Há carros em tantas faixas que fica difícil de perceber para que lado vão.
Motas que podem levar uma, duas, três ou até 4 pessoas, depende do tamanho.
Meninas de franja, com roupas de colégio a arrastarem trolleys.
Enquanto andam, praticam o multitasking como nunca vi…
Desde comer, maquilhar, beber, pentear, procurar coisas na mala…
O que me marcou nos primeiros minutos foi sem dúvida o ritmo frenético.
O ritmo define muito uma cidade e as pessoas que lá moram.
Talvez por causa das imensas horas de voo, fiquei tonta só de os ver.
Mais tarde fui-me apaixonando, primeiro pela diferença, depois pela diversidade.
Eles são exímios em sons corporais, é através disso que demonstram tudo…
Se gostam do que estão a comer, se a refeição lhes soube bem…
Também a forma de comunicarem, quanto mais alto, mais felizes…
São muitos, não são muito grandes, andam depressa, falam ainda mais depressa…
Diriam que são eclécticos na sua forma de estar e ser…
Não sei falar chinês, mas acho que não é preciso, mas os entender.
Tenho lido muitas coisas feias sobre a China…
“Foram eles os culpados da guerra do Covid-19”
“Covid-19 é o vírus da China para acabar com o Mundo”
E repito, não é preciso falar chinês para os entender…
Foram as primeiras vítimas deste cruel e invisível inimigo.
Foram eles a dar os primeiros passos errados, mas também os certos…
Talvez tenhamos todos aprendido um pouco com eles…
Não sei. Não os culpo. Sinto que tiveram o mesmo azar que nós todos.
Com a diferença que foram os primeiros a conhecer os cornos no touro.
#TudoVaiPassar
#FicarEmCasa
Fotografia:
Créditos: Até já
Shanghai, China
Outubro, 2018